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INDIA - Costumes

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Índia é país milenar e agitado

MARINA DELLA VALLE

Nova Déli, aeroporto internacional Indira Gandhi, 5h50. Um empregado dirige um carrinho de bagagem impossivelmente lotado, tira uma fina de um grupo de senhoras sonolentas e segue buzinando sem parar. Bem-vindo à Índia!
E a primeira sensação que envolve o recém-chegado é a de atordoamento. No segundo país mais populoso do mundo (1,2 bilhão de habitantes), cujo crescimento econômico é galopante (10,4% em 2010), tudo parece desmedido: as cores são berrantes, o sol cega, a poeira é onipresente, o termo "comida picante" atinge outros níveis.
A segunda sensação é de incredulidade. Como conseguem enfiar tanta gente/carga em um ônibus/caminhão/jipe/riquixá? Como não ficam surdos com tanta buzina?
Sim, é verdade: quase todo caminhão leva a frase: "Por favor, buzine". E buzinam. Todos. Com ou sem obstáculo pela frente, o tempo todo. Parece que a única regra de trânsito é buzine e siga em frente, seja qual for a circunstância.
Um dos principais destinos místicos do mundo, foi na Índia que surgiram quatro religiões importantes: o hinduísmo, o budismo, o jainismo e o siquismo. Por ali também se instalaram desde cedo o cristianismo, o zoroastrismo e o islamismo.
O censo de 2001 mostrou que 80,5% da população indiana se identifica como seguidor do hinduísmo, religião de panteões intrincados e diversas vertentes, inerente ao dia a dia e à paisagem indiana -taxistas e ambulantes fazem seus altares pessoais, e mesmo os menores espaços abrigam templos.
Do encontro com essa cultura milenar e tão peculiar ninguém sai indiferente, e o choque cultural funciona para o bem e para o mal.
A beleza dos templos e da riqueza histórica e cultural causa impacto, assim como as indefectíveis pilhas de lixo na rua. A fé da população impressiona, e também a pobreza de parte dela. O convívio com animais fascina, mas causa desconforto em boa parte dos estrangeiros que precisam passar por eles.
E assim segue a Índia, em seu passo característico, produzido tanto por seu desenvolvimento econômico veloz quanto pela preservação de práticas religiosas e sociais milenares, numa combinação muito própria.

Jaipur é cidade jovem em meio à Índia milenar

No quesito idade, Jaipur, capital do Rajastão, é jovem em um país de povoamentos milenares. Fundada em 1727, é uma das "cidades coloridas" da Índia, como Jodhpur, azul, e Udaipur, branca. O rosa é herança da visita do príncipe de Gales, em 1853, para a qual a cidade foi pintada dessa cor, prática mantida até hoje.
A porção histórica dentro dos portões é conhecida como exemplo de cidades planejadas da Índia. No coração da área está o Palácio da Cidade, lar dos reis de Jaipur desde o séc. 18, e onde ainda vivem os marajás locais. Ao lado está o Jantar Mantar, uma surpreendente reunião de instrumentos astrológicos feitos de mármore, obra do marajá Jai Singh 2º, erguido de 1727 a 1734.
O Palácio dos Ventos, citado como ícone da cidade, acaba decepcionando: é pouco mais que uma fachada, ainda que belíssima. A atração mais interessante de Jaipur está em seus arredores: o forte Amber, erguido em 1592 sobre as ruínas de um forte e subsequentemente ampliado por Jai Sing 1º, que reinou de 1621 a 1667.
O passeio tem início com uma voltinha sobre um elefante asiático: uma verdadeira manada leva os turistas pela sucessão de ladeiras até o forte. Em cada um cabem apenas duas pessoas, e eis que o turista se vê em uma improvável "fila do elefante". Uma das primeiras paradas no forte é o Ganesh Pol, portal de três andares dedicado ao deus Ganesha, de onde as mulheres espiavam o movimento detrás de janelas esculpidas em mármore.
Não perca o pequeno templo Shila Devi, dedicado à deusa Durga. Outro ponto alto é o chamado palácio dos espelhos, que os utilizava para refletir a luz das velas e iluminar todo o local.