Poltrona 1 Turismo

dicas

dezeen_Trollstigen.jpeg

ARCHITECTOUR

COMPARTILHE

Sem grandes atrações naturais, cidades ao redor do planeta apostam na arquitetura para conquistar turistas.

“Bem mais do que planejar uma construção ou dividir espaços para sua melhor ocupação, a arquitetura fascina, intriga e, muitas vezes, revolta as pessoas envolvidas pelas paredes. Isso porque ela não é apenas uma habilidade prática para solucionar os espaços habitáveis, mas encarna valores. A arquitetura desenha a realidade urbana que acomoda os seres humanos no presente. É o pensamento transformado em pedra, mas também a criação do pensamento. Do seu, inclusive. É bom conhecê-la melhor”.

Escrito pelo famoso arquiteto e historiador Carlos Alberto Cerqueira Lemos, res­­­ponsável por obras como Ibirapuera e o edifício Copan, em São Paulo, a citação acima resume de forma simples e direta o que é arquitetura.
Considerada (ao lado da pintura, escultura, música, literatura e teatro) uma das seis clássicas Belas Artes, a construção planejada fascina e integra o ser humano há muito tempo. A catedral de São Basílio, com suas cúpulas coloridas, é um exemplo. Levantada sob o reinado de Ivan, o Terrível, há 451 anos, reza a lenda que o czar mandou que os olhos dos arquitetos fossem arrancados depois da construção terminada, para que eles nunca criassem algo mais bonito do que a catedral.
Mas não adiantou! Arqui­­tetos continuaram erguendo obras cada vez mais revolucionárias e bonitas. Ao redor do mundo, Frank Lloyd Wright, Mies van der Rohe, Calatrava, Oscar Niemeyer, Gaudí e Le Corbusier, entre outros, enfeitaram o mundo e deram mais um motivo para sair de casa e viajar.

Architectour
Batizado de Architectour, o turismo de arquitetura tornou-se uma modalidade de visitação nos últimos anos. O que antes se resumia a viagens de acadêmicos de Arquitetura e Urbanismo acom­­­panhadas do professor, hoje é um segmento que traz recursos financeiros para diferentes cidades ao redor do planeta.
O turismólogo espanhol Ricardo Brookes, especialista em eventos e gestão, esteve em Curitiba e falou do impacto da arquitetura no turismo e sobre como as grandes obras e monumentos podem aumentar o fluxo de visitantes de uma cidade. “Lugares que não contam com atrativos naturais, apostam na arquitetura e nas obras para atrair turistas”, diz.
Como exemplos bem sucedidos, o espanhol cita Barcelona, Dubai, Brasília, Chicago e Londres. “São cidades que recebem milhões de turistas anualmente só por causa das obras arquitetônicas. É algo que não pode ser ignorado, nem por prefeitos, nem pelo setor”, afirma.
Tanto no Brasil, quanto no exterior, há agências especializadas nesta modalidade de visitação. Elas organizam grupos com um guia, normalmente um arquiteto, que mostra as obras mais importantes da cidade. Prefeituras de Berlim, Tel Aviv, Roma e Barcelona também mantêm circuitos gratuitos de Architectour. “São iniciativas formidáveis e que deveriam ser seguidas por outras cidades. A arquitetura muitas vezes é a tradução literal da cultura e da história de um povo”, defende.

As várias sete maravilhas do mundo
Nenhuma obra arquitetônica é unanimidade. Até mesmo as dos mais famosos arquitetos, como no caso do brasileiro Oscar Niemeyer. Brasília, o Congresso e a Catedral sempre tiveram críticos ferozes. Talvez por isso caiba aos leigos decidir quais são as grandes obras da humanidade.
Tudo começou no século 3 a.C. Naquela época, o historiador grego lançou “Uma Coleção de Maravilhas ao Redor do Mundo”. No livro estavam listadas sete obras consideradas monumentais: as Pirâmides de Gizé do Egito; os Jardins Suspensos da Babilônia; a Estátua de Zeus e o Colossus de Rodes; o Mausoléu de Halicarnasso; o Templo de Ártemis; e o Farol de Alexandria. As Sete Maravilhas do Mundo Antigo.
Vinte três séculos após a primeira lista (e todas as obras destruídas, com exceção das Pirâmides), o grupo New Open World Foundation, através da internet, lançou um concurso mundial para escolher as Sete Maravilhas do Mundo Moderno. Divulgada em julho de 2007, depois de meses de votação, a lista ficou assim: Grande Muralha (China); Machu Picchu (Peru), Chichen Itzá (México) e Petra (Jordânia); Coliseu (Itália), Taj Mahal (Índia) e, claro, o Cristo Redentor (Brasil). Foram mais de 100 milhões de votos. Foi o que bastou. Arquitetos, engenheiros e a própria Unesco não deram crédito.
Inclusive há uma lista alternativa, com obras eleitas pela Sociedade Norte-Americana de Engenheiros Civis, com: Diques das Marés (Holanda); Torre CN (Canadá), Empire State Building (EUA), a ponte Golden Gate (EUA); Canal do Panamá, Eurotúnel (França-Reino Unido) e Usina Hidrelétrica de Itaipu (Paraguai e Brasil)
A prestigiosa revista americana National Geographic também entrou na briga. Em 2008, a revista lançou uma edição especial com uma lista montada com base na opinião de arquitetos, engenheiros, artistas e historiadores. Venceram: o Coliseu (Roma); Kom El-Shoqafa (Egito), a Muralha da China; a mesquita Hagia Sophia (Istambul); Stonehenge (Inglaterra); a Torre de Pisa (Itália); e a Torre de Porcelana em Nanjing (China).

De acordo com o professor de História e Filosofia Marcelo Guerreiro, a polêmica começou ainda na primeira lista. A catalogação da história e das obras é um costume essencialmente ocidental, por isso os gregos, que formularam a primeira lista, deixaram muitas obras de fora. “Muita obras não eram conhecidas”, diz. Os primeiros historiadores, conta, também eram tendenciosos. “Eles valorizavam as obras grandes. Para os gregos, a arte tinha grandiosa, ainda que sofrível”, afirma.
Sobre a polêmica entre as obras, ele cita a subjetividade do gosto. “É uma questão estética. De acordo com o padrão estético apresentado, emitimos juízos de valor. Quem gosta de modernismo, por exemplo, vai adorar Brasília”, pontua.

Roteiros
Sugestão com dez cidades fascinantes quando o assunto é arquitetura

Chicago
De Frank Lloyd Wright para Frank Gehry, arquitetos famosos dos últimos 100 anos rechearam a margem do lago Michigan com suas criações magníficas de ferro fundido, ferro forjado e aço. Terra dos arranha-céus, Chicago é conhecida pela emblemática arquitetura moderna. Na cidade, vale a pena conferir a Willis Tower e a Trump International Hotel and Tower (os maiores edifícios dos Estados Unidos), e a Cloud Gate, famosa escultura localizada no Millennium Park.

Dubai
“Terra dos superlativos” e “Meca do consumo” são apelidos modestos para a cidade que investiu rios de dinheiro e fabricou um paraíso no deserto. Dona do maior edifício do mundo, o Burj Al Khalifa, com 828 metros, arquitetos e engenheiros construíram, em poucos anos, uma estação de esqui na neve, uma ilha artificial em formato de palmeira com 500 quilômetros de orla, um conjunto de ilhas formando os cinco continentes e hotéis que reproduzem uma vela de barco ou uma onda... Vale a visita!

Florença
Capital mundial da arquitetura renascentista, Florença, na Itália, é parada obrigatória para quem aprecia arquitetura e artes. Terra de Donatello, Michelangelo, Botticelli, Filippo Lippi, Bruneleschi, Giorgio Vasari, além de Da Vinci, a cidade abriga a Galleria Dell’Academia, a primeira escola de artes da Europa, o Palazzo Vecchio, de 1322, sede da prefeitura, Uffizi, museu que abriga a mais importante coleção renascentista do mundo, e Duomo, quarta maior catedral da Europa, construída em 1463.

Barcelona
O que esperar de uma cidade onde até as calçadas são decoradas? Uma das cidades mais experimentais do mundo quando o assunto é arquitetura, Barcelona guarda importantes obras, como o edifício La Pedrera e a Catedral Sagrada Família, ambas do famoso arquiteto Antoni Gaudí, e a torre de Nouvel Agbar, um arranha-céu em forma de bala, construído em 2005. De Mies van der Rohe a Jean Nouvel, grandes arquitetos, deixaram sua marca em Barcelona.

Brasília
Capital do Brasil e da arquitetura moderna, Brasília foi completamente planejada, do plano piloto, traçado em forma de avião, ao Palácio do Planalto. A marca de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer está por toda parta, da Catedral, com 16 pilares curvos que se unem em anel no topo, à praça dos Três Poderes, que abriga o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. Lá estão também o Museu da Cidade, o Panteão da Pátria e o Espaço Lucio Costa, onde há uma imensa maquete que dá a dimensão exata de Brasília.

Berlim
Destruída na Segura Guerra Mundial e separada por um muro durante 28 anos, uma das capitais mais populosas da Europa, Berlim se reinventou. Famosos pontos turísticos, como a Kurfürstendamm, principal avenida da capital alemã e o memorial Kaiser Guilherme, erguido em 1963, sobre as ruínas de uma igreja bombardeada na Segunda Guerra, passam por reformas. Espaços da antiga Berlim Oriental são ocupados por prédios ultramodernos. Mas mesmo assim, ainda vale visitar obras arquitetônicas que resistiram ao tempo, como o Palácio do Reichstag.

Istambul
Na fronteira entre a Europa e a Ásia, a arquitetura de Istambul, na Turquia, é um reflexo do caldeirão cultural que é a antiga capital dos impérios Romano, Bizantino e Otomano. São 2 mil mesquitas, 100 igrejas e 20 sinagogas. Os romanos deixaram os aquedutos e paredes, os bizantinos deixaram as cúpulas com arcos e os otomanos deixaram castelos, palácios e mesquitas, formando uma paisagem eclética e agradável. A Igreja de Santa Sofia, a Mesquita Azul e a Coluna de Constantino já valem uma viagem.

Xangai
A cidade mais populosa da China, com 23 milhões de habitantes, Xangai é vertical, mas não esquece o passado colonial. As torres deslumbrantes do distrito de Pudong interagem com edificações francesas e inglesas do século 19. A torre Pérola do Oriente, uma estação de TV com 468 metros de altura, domina o horizonte da cidade mais pulsante da Ásia, que tem prédios nos estilos românico, gótico, renascentista, barroco, neoclássico, entre outros.

Tel Aviv
Construído sobre as dunas de areia, ao lado da antiga cidade portuária de Jaffa, em 1909, o bairro Cidade Branca, em Tel Aviv, tem cerca de 4 mil prédios no estilo Bauhaus – famosa escola de design, artes plásticas e arquitetura de vanguarda alemã –, projetados nos anos 1930 por arquitetos foragidos do nazismo. Os prédios simples, brancos, quadrados, com varandas redondas, janelas quadradas, telhados planos e pilastras altas propõem um jogo assimétrico entre as diversas formas geométricas. A prefeitura de Tel Aviv oferece passeios gratuitos com foco na arquitetura.

Atenas
Uma viagem no tempo. Fonte de inspiração para qualquer candidato a arquiteto, Atenas é uma cidade em que os viajantes são atraídos pela arquitetura que dá pistas sobre a cultura e estilo de vida do passado. Frequentemente associada a templos e colunas (dórica, jônica e coríntia), a capital grega guarda o Partenon, templo concluído em 432 a.C em homenagem à deusa Atena, o Templo de Nike e o Templo de Zeus Olímpico.


BOA VIAGEM !!!
(FONTE: Gazeta do Povo on line)